Biocombustível avança, mas ainda depende de incentivos

Biocombustível avança, mas ainda depende de incentivos

Etanol: segundo estudo, setor de biocombustível depende de apoio governamental para seguir competitivo

Produção necessita de apoio governamental para se manter competitiva com a queda dos preços do petróleo.

São Paulo - Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, mostra os efeitos das políticas de incentivo a produção de biocombustíveis no Brasil e em países da Europa. O trabalho do economista Leandro Menegon Corder aponta que entre os europeus, as metas de implantação gradativa têm garantido o avanço do biocombustível.


No Brasil, sete anos após o início do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) em 2005, são precisos ajustes ambientais e no funcionamento das usinas, além do desenvolvimento de combustíveis mais avançados. Em ambos os casos, porém, os incentivos governamentais ainda são indispensáveis para manter a competitividade da produção.

A pesquisa concluiu que, na década de 2000, houve crescimento no valor total da produção dos produtos agrícolas mais utilizados para a geração de energia, como soja, cana-de-açúcar e canola. Porém, em muitos casos, percebe-se que os efeitos positivos sobre essas variáveis já vem de anos anteriores, não podendo ser, assim, esse crescimento creditado totalmente às políticas adotadas.

De acordo com o estudo, a maioria dos países europeus cumpriu, pelo menos parcialmente, os objetivos das políticas. Corder explica o resultado positivo devido às metas de adoção do biocombustível não serem tão difíceis de atingir e também por serem implementadas aos poucos, com metas crescentes, mas discretas. “Pode-se citar Itália e Reino Unido como aqueles que não cumpriram essa diretiva da União Europeia, e Espanha e Alemanha como exemplos que, além de cumprirem o acordo, apresentam metas internas superiores aos níveis indicados pelo parlamento europeu”, ressalta o economista.

O estudo destaca também as políticas alemãs e suecas como casos que afetaram clara e positivamente o mercado. “Percebe-se, nesses dois casos, a inversão da tendência de queda para um crescimento elevado, diferentemente do que se vê em outros países, quando a mudança ocorre um pouco depois desse período”, explica Corder.
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