Conferência debaterá avanço da química biológica

Conferência debaterá avanço da química biológica

O objetivo central da conferência é discutir como a química biológica pode avançar, de maneira rápida e significativa, a partir de conhecimentos das áreas ciências biomédicas e ciência das plantas.

A Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (Unicamp) sediará nos dias 28 e 29 de abril o evento Chemical Probe-based Open Science: Uncovering New Human and Plant Biology, uma iniciativa do Structural Genomics Consortium (SGC) e da Natureconferences, com apoio da FAPESP. O objetivo central da conferência é discutir como a química biológica pode avançar, de maneira rápida e significativa, a partir de conhecimentos das áreas ciências biomédicas e ciência das plantas. “A química biológica foca na identificação de moléculas que se ligam a alvos – ou seja, proteínas – muito bem definidos, para a manipulação e a exploração de sistemas biológicos humanos e vegetais. Um importante conjunto de proteínas, bastante utilizado na indústria farmacêutica, é o das proteínas sinalizadoras, como as quinases”, disse Paulo Arruda, pesquisador da Unicamp e organizador do evento, à Agência FAPESP. De acordo com Arruda, é que pouco se sabe a respeito de tais proteínas. “Das mais de 500 presentes no genoma humano, somente cerca de 40 foram estudadas em detalhe. Em relação às que têm origem em plantas, o cenário é ainda pior – quase nada se conhece sobre moléculas que podem ser usadas para estudos em sinalização [capacidade das células em perceber estímulos e reagir a eles] e regulação de importantes processos biológicos”, afirmou. Durante os dois dias de evento, pesquisadores de biotecnologia de plantas, especialistas vinculados à indústria farmacêutica e editores das revistas científicas Nature Chemical Biology e Nature Biotechnology discutirão caminhos para superar essas lacunas e usar os conhecimentos já adquiridos em ciências biomédicas a fim de ampliar as escassas descobertas em ciência das plantas – e vice-versa. “Nesse sentido, já estamos estabelecendo uma parceria com o SGC – uma das mais bem-sucedidas organizações público-privadas e líder mundial na área – para montar uma plataforma de química biológica na Unicamp. Será a terceira do tipo no mundo [as outras duas ficam nas universidades de Oxford, no Reino Unido, e de Toronto, no Canadá] e a única voltada não exclusivamente à ciência médica, mas também às plantas”, disse Arruda. Um dos motivadores citados pelo pesquisador é o fato de o genoma das plantas apresentar, assim como o humano, proteínas como as quinases – o que faz com que as plantas tenham potencial de guardar moléculas ainda desconhecidas que possam dar origem ao desenvolvimento de novos medicamentos. “Todo esse trabalho está inserido na área de Open Inovation, que visa compartilhar com toda a comunidade acadêmica interessada as descobertas sobre novas moléculas de forma gratuita e sem o obstáculo imposto por patentes, driblando o atual ‘apagão de novas drogas’ que temos presenciado por falta de conhecimento básico sobre o funcionamento das proteínas”, afirmou Arruda. Incluir o Brasil no desenvolvimento do chamado Open Access Chemical Biology and Medicinal Chemistry, do qual já participam mais de 40 países, também é meta da conferência a ser realizada em abril. O programa do evento será dividido em quatro sessões: “Protein kinases: Exploring the untargeted kinome”, “Roundtable discussion: How can Brazil lead a scientific revolution for open access?”, “Plant Systems: Chemical probes and basic plant biology” e “Open Science: Sharing Chemical Probes”. Entre os palestrantes já confirmados estão pesquisadores e líderes brasileiros e estrangeiros, ligados às universidades de Toronto, de Oxford e da Califórnia (Estados Unidos), à FAPESP, à Unicamp, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a empresas como Pfizer, GlaxoSmithKline, Bayer CropSciences, Takeda Pharmaceuticals e Monsanto. (Fonte: Agência Fapesp)